Melhor brasileiro em Kona novamente em 2016, melhor amador geral no Ironman 70.3 Miami, múltiplos pódios no Havaí. Antônio Ferreira da Silva, o Toni, é indicado por quase todos atletas, treinadores e especialistas do Triathlon brasileiro como o melhor amador que defende as cores verde e amarelo. Na categoria 35-39 anos ele mostra que ainda pode evoluir, em grande parte graças à sua humildade e consciência do esporte, como ele conta nessa ótima entrevista:

Mesmo com o passar dos anos você mantém uma ótima forma física. Faz musculação? Toni Ferreira: Sim, normalmente meu programa de treinamento contém musculação e é dividido em adaptação, resistência, potência e polimento. Contudo, neste ano, meu programa de treinamento de musculação foi diferente do descrito acima devido ao calendário de competições, pois houve várias provas com proximidade. Eu competi no Ironman 70.3 Texas, em Abril, uma semana após competi na Maratona de Boston. Depois não tive tempo adequado para recuperar e dei sequência no treinamento visando o Ironman 70.3 Buffalo Springs Lake e Ironman Vineman. Devido a tantas provas eu tive que interromper a musculação três semanas antes do Ironman 70.3 Buffalo Springs Lake e depois não pude retornar devido a outra sequência de provas com proximidade: o Ironman 70.3 World Championship, Ironman World Championship e Ironman 70.3 Miami.

Qual a importância da alimentação em sua vida? Quais princípios gerais segue em sua dieta? Toni Ferreira: A alimentação é muito importante para qualquer atleta. Eu já fui extremamente radical no passado e aprendi que ser radical não funciona para mim. Minha composição corporal era excelente, mas eu era escravo da minha dieta. Hoje eu procuro comer saudável e não conto calorias; eu como muito, porém, como alimentos saudáveis, como frutas, verduras, ovos, aveia, quinoa, batata, arroz, pastas, peixe, carne vermelha, porco, frango etc..

“O princípio principal é ingerir alimentos os mais naturais possível.”

Como se mantém motivado após tantos anos competindo e tantas conquistas? Toni Ferreira: Em relação ao treinamento, eu amo o estilo de vida do esporte Triathlon, adoro interagir com a natureza, conhecer lugares e pessoas. Em relação à competição, assim como muitos atletas, eu gosto de melhorar e obter boa performance nas provas. Felizmente, tenho conseguido isso desde meu início no Triathlon e isso me motiva a continuar no esporte competitivamente. Atualmente, estou passando por um momento de transição, apesar de ainda ser jovem, 37 anos, faz 20 anos que treino e compito seriamente, isso significa que por todos esses anos eu me dediquei e sempre priorizei o esporte e minha performance. Meu corpo está "reclamando", e hoje preciso ser muito inteligente com meu treinamento, alimentação e recuperação. Agora minha prioridade passou a ser desenvolver minha independência financeira. Sou treinador de Triathlon desde do ano 2000m quando finalizei minha graduação em Educação Física. Agora a motivação é fazer com que meus alunos consigam conquistar o que cada um tem como objetivo.

O grande sonho é vencer a categoria em Kona? Toni Ferreira: Sim. Meu sonho maior é vencer o Mundial de Ironman, em Kona. Eu tive a felicidade de subir no pódio por 3 vezes: 2º colocado em 2002, 4º colocado em 2012 e 3º colocado em 2014, em minha melhor performance em Kona, terminando 40º colocado no geral. Naquela oportunidade também marquei meu melhor tempo no Havaí: 9h06'53".

Atualmente, quanto tempo dedica ao treinamento e si e quanto tempo dedica à recuperação? Toni Ferreira: Neste ano, meu volume de treinamento diminuiu em relação ao ano passado devido à idade, ao desgaste de vários anos, aos acontecimentos da vida pessoal, à quantidade e à proximidade de provas. Em relação à recuperação, apesar de diminuir o volume do treinamento, minha vida pessoal ficou mais agitada, com mais trabalho e obrigações do dia a dia. O ideal seria treinar menos e descansar mais, mas não foi o caso.

Você não parece ser aficionado por equipamentos e novidades tecnológicas. Como encara esse ponto? Toni Ferreira: Acho legal os equipamentos modernos, contudo, o mais importante é treinar de maneira adequada, alimentar corretamente e obter uma boa qualidade de sono, além de fazer o treinamento e as competições com amor, prazer e felicidade.

Os equipamentos modernos obviamente podem auxiliar e realmente fazem diferença na performance, mas muitos atletas investem muito dinheiro em equipamentos e passam por cima do mais importante, que citei acima.

Qual foi o conselho mais importante que recebeu quando treinava e trabalhava com Mark Allen? Toni Ferreira: O Mark Allen foi um grande campeão, ele venceu praticamente tudo que tinha para ser vencido na época em que ele competia. Porém, o que eu admiro por conhecer o Mark como treinador, ex-atleta e pessoa, não tem muito a ver com o competição. Obviamente eu admiro todas as conquistas que ele obteve; mas, assim como ele, o que mais me fascina nessa "jornada" da vida do triatleta são as experiências que vivemos no dia a dia de treinamento e competições; são os momentos de interação com a natureza ao nosso redor; as pessoas e locais que conhecemos; as superações que passamos em nossa vida pessoal para fazer o que gostamos. Um eterno aprendizado no âmbito esportivo, pessoal e espiritual. O conselho é fazermos o esporte ou o que seja, com amor, respeito e prazer consigo e com os demais.