Há mais de quatro décadas, Kona, ilha que incorpora a Big Island, é uma das oito ilhas do arquipélago do Havaí. Kona apresenta um ótimo panorama histórico, com uma beleza pura e natural. Cercada de montanhas verdes intercaladas por cachoeiras e grandes vales com vulcões ativos e desertos de lava petrificada, uma paisagem tão exótica que serviu de cenário para filmes como Jurassic Park: Parque dos Dinossauros e Piratas do Caribe. E dependendo das condições climáticas, a temperatura passa facilmente dos 35 graus com cerca de 90% de umidade e ventos cruzados acima dos 95km/h.

O que Kona representa para o Ironman

O que começou como um desafio em uma mesa de um clube no Havaí se tornou um evento que hoje reúne atletas do mundo inteiro, além de apoiadores, admiradores e imprensa. No mês de outubro, todos os apaixonados pelo triathlon voltam os olhos para Kona, a fim de saber quem serão os próximos Homem e Mulher de Ferro. A primeira edição do Ironman Havaí aconteceu em fevereiro de 1978, mas foi idealizada um ano antes. Entusiastas do esporte e de competições, o comandante da Marinha Norte-americana John Collins e sua esposa Judy conversavam em uma confraternização com amigos e companheiros das Forças Armadas sobre uma matéria da Revista Sports Illustrated que indicava o ciclista Eddy Merckx como o melhor atleta do mundo nos quesitos forma e preparo físico.

Depois de uma discussão sobre quem seria o mais resistente: o nadador, o ciclista ou o corredor? Como o debate começou a fluir, Collins então brincou com a ideia de combinar as três mais duras provas de resistência praticadas no Havaí em apenas uma competição. Seria possível alguém completar os 3.800 metros de natação da tradicional Waikiki Rough Water Swim, seguir para 180 km de ciclismo da prova Around the Island Bike Race (realizada originalmente em dois dias) e terminar com 42,2 Km na maratona de Honolulu?

O desafio foi lançado e no dia da prova apenas 18 competidores apareceram, sendo que 3 desistiram ainda no início e outros 3 não conseguiram concluir o trajeto. Relatos afirmam que Collins distribuiu três folhas de papel descrevendo o percurso e algumas regras. O primeiro Homem de Ferro da história foi Gordon Haller, um motorista de táxi aposentado como Especialista em Comunicações da Marinha Americana, que concluiu o percurso em 11h46m58s. Collins completou a prova em, cerca de 17h.

A partir de então, o Ironman Havaí já começava a se destacar no cenário esportivo. Em 1981, a prova mudou da agitada Oahu para a tranquila Big Island, em Kona, onde é realizada e tornou-se referência em esporte de alta resistência.

A mudança das sedes do Mundial

Logo no começo do ano, foi confirmado os boatos que já rolavam a meses, de que o Mundial de 2023 seria separado. Com isso, a prova masculina aconteceu dia 10 do mês passado em Nice, enquanto a prova feminina vai acontecer em Kona. Em 2024, haverá a troca: os homens retornam para Kona, no dia 26 de outubro e as mulheres fazem a estréia em Nice, dia 22 de setembro.

O percurso e seus desafios

O início dos 3800mt da natação reserva para as mulheres um mergulho nas águas cristalinas da Baía de Kailua. Com o majestoso nascer do sol sobre o Monte Hualālai como pano de fundo, as atletas irão largar na água, em um trajeto de ida e volta no sentido horário, enfrentando pequenas ondas em um mar quente, terminando no mesmo lugar que saíram.

O ciclismo de 180 km vai de Kailua-Kona até o retorno de Hawi e volta pela icônica Rodovia Queen Ka'ahumanu. Serão 1770mt de altimetria acumulada com vista dos campos de lava, do litoral e do oceano. O terreno exposto e os fortes ventos laterais acrescenta uma dificuldade a mais para as atletas.

A última e decisiva etapa para sabermos quem será a nova campeã mundial será em um trajeto de ida e volta passando pela multidão na Ali`i Drive. A corrida de 42,2 km passa também pela Palani Road até a rodovia Queen Ka`ahumanu, levando ao Park no Natural Energy Laboratory Hawai`i Authority (NELHA). O percurso é ondulado, são 307mt de altimetria, com trechos íngremes intermitentes, seguido do retorno pela rodovia é a cidade de Kona.

Score Of the Field (SOF): XXX Tier: Platinum Premiação: 375 mil dólares

Este ano, apesar de alguns nomes que não estarão em Kona (8, das top 20 do atual ranking PTO, não largam), o país com mais atletas é os EUA, com 13. Seguido pela Alemanha, com 7 atletas. Austrália, Grã Bretanha e França terão 6 representantes

Principais nomes no start list

• Daniela Ryf A suíça vem de um ano especial, e apesar de ter ficado em 9º na sua última prova (IM 70.3 WC) bateu simplesmente o recorde mundial da longa distância em Roth, cravando 8:08:21. A atual #11 do ranking dispensa comentários sobre o seu currículo esportivo, que inclui 5x campeã mundial de IM 70.3, 4x campeã mundial de IM, Collins Cup e dois Jogos Olímpicos.

• Anne Haugh A experiente atleta alemã de 40 anos também está em um ótimo ano, das 5 provas que disputou venceu 3: PTO European Open, Challenge Gran Canária e 70.3 Lanzarote. As outras, terminou como vice-campeã, como no PTO Asian Open e em Roth, que fez um excelente tempo de 8:21:09. A atual #3 do ranking foi campeã em Kona 2019.

• Chelsea Sodaro Uma das favoritas que pode levantar a taça para os americanos, é a atual #6 do ranking, Chelsea Sodaro. Vencedora em Kona no ano passado com o tempo de 8:33:45, sabe os caminhos da ilha havaiana para repetir o feio. Em 2023 disputou 4 provas e sua melhor colocação foi 3ª no PTO Asian Open e 2ª no 70.3 Oceanside.

• Lucy Charles-Barclay A atual vice-campeã da prova (ficando 8 minutos atrás de Sodaro no ano passado) chega no Havaí buscando o lugar mais alto do pódio. Com vitórias no Long Distance WT e no mundial de 70.3 no currículo, se encaixar uma prova consistente, a atual #4 do ranking deve dar trabalho para as adversárias.

• Laura Philliph Outra experiente alemã no field é a #9 do ranking! Aos 36 anos, Laura já levou 3 ouros para a casa neste ano (IM África do Sul, 70.3 Kraichgau e 70.3 Tallin). Além disso, foi 3ª em Roth com 8:25:31. Se conseguir sair para correr no primeiro pelotão, é bom ficarmos de olho na alemã.

• Kat Matthews Outra que vem tendo bons resultados em 2023 e vale nosso destaque. É a britânica atual #7 do ranking, Kat Matthews. Ela que vem do vice-campeonato no mundial de 70.3 da Finlândia e já venceu uma prova Full neste ano, o IM Texas, com 8:32:51 no tempo final.

• Taylor Knibb A bicampeã mundial de 70.3 tinha a vaga automática para Kona pela conquista na Finlândia em Agosto. Por nunca ter feito uma prova de full, havia muita dúvida se ela iria ou não largar na prova. Na última semana, ela confirmou sua participação e é um nome que não pode ser descartado principalmente pelo seu ciclismo dominante.

Outros destaques do field

Vale a pena ficarmos ligados nestas que podem surpreender em Kona: Lisa Norden (SUE) #20 que chega de vitória no IM Suécia, Fenella Langridge (GBR) #15 que venceu o Challenge Londres este ano, Skye Moench (EUA) #16, 2ª colocada no IM Frankfurt, Sarah Crowley (AUS) #32 vencedora do 70.3 Davão e Sarah True (EUA) #17 que neste ano venceu o IM Frankfurt.  

Nossas representantes

Teremos duas atletas tupiniquins em Kona, uma delas é Pamella Oliveira que ocupa o #35 do ranking. Ela que vem de uma modesta 35ª no IM 70.3 WC e disputa pela segunda vez o Mundial de IM. Venceu com folga o IM Brasil e o IronCruz neste ano. A outra é Mari Andrade, atleta forte no ciclismo que ficou com as medalhas de prata no IM Brasil e IronCruz.  

Confira o start list completo

A transmissão oficial do evento é gratuita pelo link abaixo:

youtube.com.ironman

Largada às 6h25 no horário local (13h25 no horário de Brasília).

Qual é a sua aposta para conquistar a coroa em Kona?