O dia mundial do café foi comemorado no último sábado, dia 14 de abril, mas no mundo esportivo a data é marcante por outra razão. Foi há quase 15 anos, em setembro de 2003, que a Wada (Agência Mundial Antidoping) decidiu tirar a cafeína da lista de substâncias proibidas. O órgão concluiu que era irracional privar os atletas de seu cafezinho diário enquanto havia abusos de esteroides variados. Desde a sua “alforria”, a cafeína vem se consolidando em modalidades como triathlon, ciclismo e corridas de longa distância.

Estudos a partir dos anos 1970 têm provado que a substância favorece os atletas por duas razões: ao agir no Sistema Nervoso Central, aumenta a concentração e adia a percepção do cansaço. “A cafeína reduz a sensação do esforço que o atleta faz, então melhora a performance por causa disso”, explica a nutricionista esportiva Ana Kaori. Outra boa notícia, segundo a Sociedade Internacional de Nutrição Esportiva, é que um suposto efeito colateral, a desidratação, tem sido descartado pela ciência por falta de comprovação.

Com a popularização entre treinadores e nutricionistas, o mercado oferece cápsulas e géis para atletas de alto desempenho. Mas há quem prefira o café puro: vencedor de duas provas da CAMTRI (Confederação Americana de Triathlon) em 2017, o triatleta Kauê Willy, de 21 anos, usa cafeína apenas na forma natural: bebe de 2 a 5 xícaras por dia. “Efeito negativo nenhum, só sinto efeitos positivos”, conta.

O triatleta amador Eduardo Zagonel, de 32 anos, costumava tomar cápsulas antes dos treinos, pela manhã, mas sentia um ‘efeito rebote’. “Tinha uma sensação de cansaço após o pico de energia”, conta. Zagonel preferiu, então, beber café antes de treinos ou provas e, durante a atividade, usar géis de carboidrato com cafeína. “Assim eu distribuo melhor a ingestão”, explica.

Kaori não condena as cápsulas, mas concorda que o uso na forma de café é o ideal. “Como tudo na vida, é preferível a forma natural. O que a natureza traz é tudo completo, então é melhor utilizar a cafeína na forma de café do que sintético ou industrializado”, aconselha.